O lado não tão bom...

Tudo tem saído super bem pra gente até agora. Estamos no sexto dia de vida canadense e já resolvemos um monte de coisas. Não temos o direito de reclamar de nada! Mas... há esse sentimento confuso que deve ser o processamento da ficha caindo e um pé (as pernas e os braços também!) definitivamente ainda está na nossa vida no Brasil. Acho que demora mesmo um pouco pra gente entender que isso tudo aqui é pra valer e que vamos viver aqui agora, pelo menos por um tempo...

Algo que incomoda bastante é a falta de parâmetros. Ainda não sabemos o que é caro ou barato. A verdade é que é bem complicado comprar/contratar as coisas sem ter renda... ainda não sabemos dizer o que é muito, pouco ou razoável. O que fazer? Nivelar por baixo e começar devagar ou assumir que daqui a pouco pelo menos um dos dois vai estar empregado e o dinheiro vai começar a entrar? Na procura por apartamentos, decidimos que, pelo menos no início da nossa vida por aqui, vamos ficar num lugar legal, com conforto, já que tudo o que representa isso pra gente ficou no Brasil. Queremos ter vontade de voltar pra casa, cuidar dela e ter um ponto de segurança. Mas até quanto é razoável pagarmos por isso? Já vimos que converter dólar canadense pra real é a maior furada! Se você converte, não compra nem faz nada por aqui...

Outra coisa é que os produtos e as marcas são diferentes daqueles que estamos acostumados. Fomos fazer umas comprinhas para café da manhã e foi horrível não encontrar os produtos logo de cara. A gente passeava pelos corredores, lia as embalagens e procurava semelhanças... até que demos de cara com o Activia! Ah, que alívio!! Pelo menos uma coisinha conhecida, né?

Tem também a questão da língua... estamos enferrujados! Ainda não conseguimos falar tão rápido, com naturalidade e algumas vezes as palavras não vêm! E para ouvir, então? Aqui em Vancouver (isso deve ser em todo o país, na verdade) há uma infinidade de sotaques diferentes. Parece que ninguém é "made in Canada" - tudo importado! Ah, como cansa! A boa notícia é que nesses 6 dias já melhoramos, então isso é questão de tempo (espero que pouco!). A outra boa notícia é que todos são muito pacientes - só não sei se essa paciência estende-se aos empregadores canadenses...

E quando começamos a procurar o plano de celular? Ficamos super incomodados com o compromisso de 2 ou 3 anos que teríamos com a operadora. Pensávamos "Calma aí! Acabamos de chegar! Vamos mesmo ficar aqui? Vamos nos adaptar? Já temos que nos comprometer?". Aí a gente cogitou o pré-pago, mas pesquisamos e vimos que outros imigrantes que haviam começado com o pré-pago migraram logo depois para o pós, pois o valor não estava compensando. Paramos para conversar, colocamos as idéias em ordem e vimos que não viemos para cá para desistirmos e irmos embora por qualquer coisa. Vamos ficar, nem que seja por um período apenas. Depois que a gente entendeu isso, paramos de ter medo do compromisso dos 2 ou 3 anos. Quem nos atendeu na loja onde fechamos nosso plano foi um brasileiro. Ele disse que veio pra cá com os pais há 8 anos, quando tinha 14. Disse que no início não gostou, pois deixou todos os amigos e tal, mas hoje em dia agradece aos pais por eles terem feito essa escolha...

Enfim, nem tudo são flores e começar do zero não é fácil! Mas quem disse que a gente gosta de coisas fáceis? O importante é que estamos felizes, as perspectivas são boas e já, já tudo vai fazer mais sentido.



PS: ainda não estou conseguindo dar conta dos e-mails do blog e das leituras, mas com as coisas entrando nos eixos, espero estar de volta em breve!