Tuesday, May 13, 2008

Absurdo, estupidez, ridículo...

Ainda estou procurando a palavra que pode resumir o que acabou de acontecer comigo...

Venho eu voltando do trabalho para casa, já depois das 20h30 e, ao chegar na rua, diante da porta da garagem, me deparo com uma Ford Ranger estacionada exatamente na frente das duas entradas do prédio. Comecei a buzinar, já achando um absurdo mas acreditando que a pessoa estava por ali pegando ou deixando alguém.

Mas não....... o cidadão havia deixado o seu carro ali para praticar exercícios no parque aqui perto - foi o que descobri logo em seguida dos outros moradores estupefatos. Fiquei esperando um pouco, mas logo perdi a paciência e comecei a perder também a saúde, pensando o que ele mereceria, no mínimo (além da punição legal e da multa, óbvio), e cheguei a conclusão de que com mais alguns minutos ali eu era bem capaz mesmo de riscar o carro dele todinho com a chave do meu, furar os quatro pneus, quebrar o espelho retrovisor ou, melhor ainda, o pára-brisas.

Subi, fumacei, esperei e depois de uma meia hora escutei vozes lá de baixo. Desci e o imbecil (ou qualquer coisa pior) disse simplesmente que não tinha prestado atenção que ali existiam DUAS entradas/saídas de garagem. Juntei-me ao coro de moradores dizendo com uma educação nada merecedora que aquilo era um absurdo e que era melhor ele esperar a viatura (que já tinham chamado mesmo) pois seria pior ele deixar o local, já que iriam atrás dele de qualquer forma. É claro que eu não acreditava na real ocorrência do que eu estava dizendo, afinal, vivo no Brasil. E é claro que ele não se importou muito e foi embora, sem nem pedir ao menos desculpas, afinal ele também vive no Brasil e sabe que isso não vai dar em nada...

A única coisa que conseguia pensar era "quero ir pro Canadá!!!".

Ah! Pra completar o meu dia, almoçando na praça de alimentação de um shopping vizinho ao trabalho, terminei, levantei e deixei a bandeja para uma das moças da limpeza recolher. Aqui, os shoppings adotaram este péssimo hábito, afinal, o que custa levar sua própria bandeja até o lixeiro? Normalmente não a deixo na mesa, pois me recuso a me acostumar com essa "mordomia" que só faz aumentar mais ainda a falta de cidadania, amor ao próximo, consciência de sociedade, enfim... Mas hoje estava com minha bolsa, minha pasta de papéis e minha pasta do notebook na mão, portanto "quis me dar ao luxo". Então, eis que vem caminhando uma senhora de seus 60 e poucos anos com sua bandeja na mão em direção à minha mesa preenchida. Prontamente voltei e, mesmo com tudo aquilo nas mãos, não poderia deixar a "pobre" senhora segurando sua bandeja e esperando um das boas almas escassas desse mundo ajudá-la. Tirei a minha bandeja para levá-la ao lixo. Você olhou pra mim? Você me disse um simples obrigado? Você deu ao menos um sorrizinho amarelo de canto de boca? Pois é... ela também não!

Mariana

8 comments:

Sara e Vitor said...

Oi Mariana!
Realmente, isso é um absurdo! O povo não respeita ninguém! Imagine se alguém tivesse passado mal e precisasse sair naquele momento de uma das garagens bloqueadas? Povinho sem noção, hein? É de perder a cabeça mesmo. É como dizem, pra um doido, só outro doido mesmo. Depois o povo morre e não sabe porque foi. E assim segue o Brasil! Afinal de contas, segue pra onde? ...

Um abraço!

Vitor

Ju said...

Nossa Mari, é muito complicado lidar com o povo brasileiro mesmo, a maior ironia foi uma pesquisa que eu vi na Veja dizendo que os brasileiros se consideram solidários e preocupados com o próximo. Parece até piada. O problema é tão grave que pra maioria não existe problema nenhum, pior é ouvir depois que não é bom ir pro Canadá pq o povo de lá é frio, que bom é o povo brasileiro que é acolhedor e caloroso. Acho que isso é o que mais nos motiva a sair daqui, essa falta de respeito, egoísmo e cidadania, o que prevalece é a lei do malandro, quem é honesto ou tenta fazer as coisas do jeito certo é trouxa. Esses não são nossos valores e tão pouco são os valores que queremos passar para nossos futuros filhos.
Não vejo outra solução a não ser sair daqui!

Boa sorte e paciência para aguentar os malandros por mais algum tempo!

Beijos,
Ju

Sandro e Família said...

Mari

Todos falam que o grande problema do Brasil é a falta de educação do seu povo, e apesar de concordar acho que o principal problema é a eterna sensação " não vai dar em nada ".
A nossa sociedade não tem respeito e como sabe que as leis não funcionam e a impunidade é quem impera nos vemos com vontade de riscar o carro e furar os pneus do imbecil que estaciona na frente da sua garagem pois sabemos que ele sairá impune desse ato.

Abração e calma que falta pouco.

Anonymous said...

Mari,

isso já aconteceu comigo e pior, foi uma MORADORA DO PRÉDIO que parou na porta da garagem "rapidinho", subiu para pegar alguma coisa "rapidinho" e me deixou esperando na rua pra entrar na garagem! É mole? Mas é como o Sandro disse aí em cima: o que causa tudo isso não é só a falta de educação é a impunidade! Hoje mesmo, na escola da minha filha, houve encontro dos pais com os professores. Cada professor fica numa sala e os pais fazem fila para falar com os professores que quiserem. Pois tem gente que fica um tempão conversando, falando sobre diversos assuntos e "esquecem" que tem outras pessoas ali, aguardando, que trabalham e têm que ir embora!! Fora os pais "sem noção" que marcam lugar em várias filas... O jeitinho brasileiro levado ao extremo da falta de respeito.

Enfim, falta pouco! Conta até dois mil - que até mil já não dá mais - e vai em frente!

Beijos,

Andréa

Anonymous said...

Tem uma cidadã que todo dia para na faixa de pedestre, na frente da escola que os proprios filhos dela estudam, sai do carro e deixa ele lá, no meio da rua atrapalhando todos os outros. As vezes ela ainda leva uma conversinha com as amigas. Eu fico sempre puto... tem guarda lá, segurança, ninguém faz nada. Uma vez me diriji a figura e ela me disse que estava com pressa. E eu pensei : "Ahh, pobrezinha, está com pressa, ainda bem que ninguém mais no Brasil trabalha nem tem horário..!". O pior é que acho que ela não tem a menor noção de que é errado. O problema está na base da educação.

Sobre o cara do carro, na sua história... E se ele realmente não viu que era uma garagem ? Pode ter se enganado e isso pode acontecer no Canadá, ou em qualquer lugar. Podia ser um fusca, ou uma mercedes... Bastaria uma multa pra ele e pronto. Um mal entendido mesmo.

E na história da bandeja... Bem, eu acho que ela não precisava agradecer, na verdade ela pode até reclamar porque você nem pediu desculpas, afinal foi você que deixou a bandeja na mesa... rsrsrs... tudo sempre tem dois lados. E os funcionários que limpam as meses, na verdade vejo mais como uma forma de agilizar o processo de limpeza e não de substituição. Ahh, e da falta de um sorriso ou contato mais caloroso, acho que no Canadá deve ser mais frequente. Nesses países frios e civilizados, o povo tende a ser mais frio também. Imagina isso na França, ela iria colocar a maior cara de raiva para você...

Desculpa ser meio do contra... mas é que não sou muito adepto dessas generalizações em relação ao Brasil e a nós, o povo daqui.

Abraços... e espero que esteja tudo em paz com vocês.

Daniel
www.cravoecanelanocanada.com

Anonymous said...

Vitor,
Tinha mesmo gente querendo sair. Sorte que não parecia ser nada urgente ou caso de saúde!

Ju,
É isso aí mesmo! Às vezes a gente tem que se segurar pra não ser malandro tb, quando parece ser a única forma de se conseguir algo...

Sandro,
E o nosso raciocínio é: temos convicção de que até ficarmos bem velhinhos, nada vai ser muito diferente do que é hoje. Portanto, não queremos viver nossa vida assim, enquanto podemos fazer tudo diferente. A vida é só uma!

Andréa,
Pois é... às vezes não é nem por mal, mas estamos tão acostumados a não prestar atenção ao outro que esse tipo de coisa acaba sendo normal, né?

Daniel,
Não tem nada que pedir desculpas por ser do contra! Na verdade, concordo com você, pois acho que não podemos generalizar o povo, afinal, se a maioria fosse gente ruim, a situação estaria muito, mas muito pior!
Acho que o cara da garagem estava se aproveitando sim, pois o carro dele é enorme e as redondezas ficam realmente lotadas de carros pela manhã e à noite. Não seria muita sorte ele encontrar uma vaga tão grande pra um carro tão grande (o carro dele não caberia nunca numa vaga comum) neste horário? E se ele fosse um cara direito, teria esperado a viatura chegar e teria pagado pela "bobeira" que fez! Sobre a véia (!) da bandeja, acho que tem mais a ver com educação mesmo do que frieza. A experiência que tive no Canadá me deu a base pra dizer que o que mais se ouve por lá é sorry, pardon me, excuse me, please e thank you. Por QUALQUER COISA! Acompanhado ou não de um sorriso (não faço questão!), o que importa é a educação. Da mesma forma que concordo com vc que não generalizar opiniões sobre o povo brasileiro, tb vejo assim em relação ao povo canadense. Não conheci unzinho sequer frio, muito pelo contrário... Fiz amigos canadenses pra toda a vida, em apenas 3 meses de convivência e ainda por cima num ambiente de trabalho! Tenho uma amiga canadense que mora aqui em Recife e ela é o que há de mais "calor" que existe! Acredite: vc vai se surpreender quando chegar lá! :)
Valeu por passar por aqui e comentar! Fazia tempo que a gente não se falava, hein?

Beijos e abraços pra todos!!
Mariana

K said...

Ai, ai... sei como é... eu fico dizendo feito criança que quer a mãe: "eu quero o Canadá, eu quero o Canadá!". Uma hora o dia chega :)

E quanto às bandejas no shopping... passei a deixá-las na mesa quando percebi que isso significava gerar emprego. é mais gente que o shopping precisa contratar, né? Então é bom! Igual a carrinho em mercado. Quando vejo que tem gente pra recolher, não retorno. Mas confesso que me sinto mal de largar as coisas assim.

Beijos,

K.

Anonymous said...
This comment has been removed by a blog administrator.