Quando me perguntam de onde é que veio essa idéia de ir para o Canadá, costumo dar minhas razões e explicar que o meu pensamento em relação a morar de vez fora do país não foi sempre o mesmo. Muito pelo contrário! Ele está dividido claramente entre um marco: minha estadia de 7 meses em Vancouver.
Antes eu não cogitava a possibilidade de viver longe da minha família (pais e irmão). Sempre fomos muito unidos como núcleo, já que moramos há mais de 20 anos longe de avós, tios e primos. Somos só nós no dia das mães, dos pais, aniversários, formaturas, páscoa e outras datas. Meu pensamento então era: morar fora pra estudar, pela experiência de vida, por um tempo definido, tudo bem, mas pra o resto da vida, nunca.
Durante minha estadia em Vancouver, pude viver uma outra vida. Deixei em stand by família, namorado e amigos. Voltei a andar de ônibus, a andar a pé na rua... tudo numa boa! Até gostava, pra falar a verdade, pois não sou a pessoa que mais gosta de dirigir no mundo. Às vezes chegava em casa, à noite, numa rua muito escura em North Vancouver, mais de uma hora da manhã, de ônibus (normalmente sozinha, pois a minha casa era bem distante)... numa boa! Todo dia lia o jornal e notícia de morte e violência, quase não via. Lembro de uma só que foi uma briga de gangs em Gastown, que acabou em morte. (não estou considerando os jogos de hockey, ok? Pois todo dia tinha um jogador com o nariz quebrado...)
Depois que voltei, demorou um tempo pra cair a ficha. Mas assim que as principais diferenças ficaram mais evidentes, percebi que não seria a pior coisa do mundo viver longe da minha família, em troca de mais segurança e qualidade de vida. Comecei a pensar "Peraí! Eu só tenho uma vida e ela passa rapidinho... vou ficar aqui esperando esse país melhorar, ou vou tentar aproveitá-la melhor?"
Uma coisa que realmente me incomoda aqui é não poder ir tranqüilamente a pé até a padaria da esquina! É também não poder parar meu carro num sinal sem ser alvo de um jato de água de esgoto com um malandro por trás querendo "limpar" seu pára-brisa. É ter que ficar monitorando todo mundo pelo celular pra saber onde está e a que horas vai chegar. É receber vários e-mails mensais de amigos informando que o número do celular deles está mudando porque foram vítimas de assalto...
Quando falam pra mim que tá muito perigoso viver nos Estados Unidos hoje em dia, por conta do perigo de atentados, pergunto o que é mais perigoso: viver aqui no Brasil ou lá. A resposta está nas estatísticas!
Mariana
Monday, March 19, 2007
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